Perguntaste-me...


Perguntaste-me se podia esperar.
Mas não me perguntaste se queria.
Te disse: tá bem eu espero!
Mas não sabes porque o dizia,
Porque a ti tudo toléro,
Ou será por tanto te amar.

Mudaste trez vezes de ideia.
Outras tantas me iludiste.
Não entendo essa cabeça,
Tanto que tu pediste
Eu bem quero que me esqueça.
Mas tenho a cabeça cheia.

Este sentimento tão no ar.
Que será isto q'eu sinto,
Esta dor que aperta o peito.
Deve ser um labirinto,
Daqueles que não dão jeito,
Na hora de esperar.

Eu bem devia estar com ela,
Nesta hora de amar.
Hora nobre e caprichosa.
Tempo de saber estar,
Traz espinhos esta rosa.
Tanto q'eu queria tê-la.

Murmurios enlouquecidos
Me atormentam demências,
Dizem-me coisas tristes
De saudades e carências.
Dizem que me fujiste,
ouço isso em meus ouvidos.

Era encontro planeado,
Mas não menos surpreso.
Estava pensando em tudo.
Mas fiquei tão indefeso,
Tão apavido, quedo e mudo.
Que me sinto transtornado.

Porque será que sou assim.
gostava de ser diferente,
saber esperar com calma.
deixo o forno mais quente,
ponho a ferver a alma,
fico fora de mim.

Agora já tou mais calmo,
Tive desabafando.
Uma amiga se condoeu,
Deu conselho procurando
que fosse o que fosse, fosse eu,
que tempo teria, p'ou salmo.

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