Das noites que geram meus tormentos


Das noites que geram meus tormentos
Há um silêncio comum às poesias.
Há sete luas que são sete momentos
De outros amores que nunca viram dias.
Não o sendo se perdem como tantos

Há pedaços que não me deixam mais
Enrolados em algum fiel desencanto
Em pássaros de fogo que não são iguais
À mais remota vaga deste meu canto.
Que tanto me leva ao morno pranto

Nestas noites que me levam para onde,
O espectro de alguém fica mais perto;
É sempre a minha voz que me responde
Repetindo apenas um nome em concreto.
Como que me percorrendo ainda sonde

Das outras parangonas que tanto amargo
Há uma mais melancólica que as demais
Mora entre a saudade de algum afago
E um sorriso de criança sorrindo aos pais
Nesta solidão imensa em que me apago

Das noites surdas que me invejam
As mais lavadas são aquelas em sintonia
Com uma alma gémea à minha flamejam
Rajadas de palavras em forçada alegria
Contando das vidas casos que sobejam

Bem sei que a vida é feita de perdões
E a minha tem forçosamente de ter muitos
Mas, de todos aqueles em que os vilões
Perdoando voltem a ver-nos juntos
Um eu sei, não volta aqui por muitas razões

Nem eu quero que volte nunca mais
De amarguras já eu sei o que é bastante
Se outras coisas eu tivesse sentindo iguais
Em quantidade, não teria agora como amante
Amarguras, vazios e outras tristezas que tais

Sonhos repletos de ternura


Sonhos repletos de ternura, sinto
Como um vulcão em chama viva
E aqui prostrado neste labirinto
Desejos inconfessos me dão guarida

Teu físico na cama se contrai
Teus braços são garças no ar,
Sinto um perfume que sobressai
Vindo dum corpo feminino a relaxar

Náufrago olhando o mar do teu ventre
Elevando parte da tua anatomia,
Deslizando pelas coxas docemente
Sinto os reflexos do teu corpo em euforia

No teu pescoço, arrepiado e quente,
Sente a volúpia dum deslizar sensual
Os meus lábios sorvendo-te livremente
Como sondas cibernéticas sem igual

Enviando recado de fora para dentro
Em forma de energia que gera vida
Que faz pulsar forte no meu alento
Sensações desta ternura que é contida

Com os finíssimos fios do prazer
Ao ondulares as ancas e os seios
Num êxtase que não acontece por acontecer
Me fazes procurar-te por todos os meios

Sinto o morrer duma chama premente
Em teus anseios de prazeres contidos
Onde tu te entregas pura e livremente
Aos meus reflexos de carinhos extrovertidos