Ainda que o Natal seja depois



















Ainda que o Natal seja depois
E não haja mais “Nós os dois
Quero desejar-vos paz
Amor, felicidade e o mais que me apraz

Somos felizes por lembrar
Por sermos lembrados
Por rir e por chorar
Somos felizes por ser amados

Seremos felizes por ser prezados
Ainda que de pés e mãos atados
Ofendidos ou maltratados
Somos felizes se respeitados

Enquanto uma estrela brilhar no céu
E existirmos tu e eu
Carecemos guardar
Cada gesto, cada lugar

Se á noite dormirmos em sossego.
Tivermos um verso na memória
Talvez de amor, ou achego
Faremos nossa a nossa história

Se fizermos a alguém uma prece
Se essa hora não esquece
Será com simplicidade.
Que nos agradamos da idade

Que haja esperança no divino
Inundada ou não de poesia
Seja jovem a melancolia
Volte de novo o Jesus Menino

João Morgado

Porque me sinto morrer assim


Por que me sinto morrer assim?
Quando escrevo versos de amor
E esvai-se-me a Alma de mim
Como que num oco de dor?
Fico vazio e a flutuar no ar
De que fica feita a minha mente
Pois esvazio-me por tanto amar
E amar assim não é prudente
Espuma de onda que veio à praia
Que se desfaz assim cintilando
Entre o mar e a ilha, ali na raia
E desaparece como que sangrando
À espera que toda a vida dela saia
Assim estirada ao Sol espumando.
Morre a onde na praia vazia,
Morro eu, meu amor e culpa tua
Recuperará a onda algum dia?
Algum dia recuperando continua?!

João Morgado