Dia mundial da criança


Nete dia da criança quero lembrar
A criança que fui e a criança que sou
Aqui deixo o meu singélo contributo
Porque nem todas alguma vez são crianças

Nestas tardes de traço largo há muito anil.
Eu saio por vezes, sigo pelo manto raso,
Mascando um feno, que tirei dum vaso
Não largo este gesto que me traça o perfil.

Descendo o rio no vau das mansas águas
Vou beber na fonte a água fria e sonora
Não encontro no mato o rubro duma amora
Vou salivando o sumo em torno das mágoas

Fico ali respirando o cheiro bom das flores
Num remanso cais que me traz amores
E quando por acaso voa perto uma ave
Sigo-a com o olhar antes que o voo acabe

Noto então que ela sem se importar que eu veja
Beber junto a mim, como que me beija
E lá mais ao longe uma cabra come
Barrega a tudo, contando bem alto toda a sua fome

Mas do outro lado o pastor cantando
Chamando por ela pra que vá andando
Ao encontro das outras que com ciúmes dela
Parecem chorando, de vê-la saltar muro e cancela

Vejo então que quem guarda é uma criança,
Leva jeito a miúda na guarda do gado
Mas no dia d`hoje mais do que por herança
Devia estudando, cantar outro fado.