Prometo meu amor...
Um dia quero acordar numa cama nova
Mas sabendo como fui lá parar
Quero vestir o teu pijama cor-de-rosa
E saber que nem assim vais estranhar,
Vou abrir a janela, sem ruído:
Para nem te acordar com o som da rua...
Quero que durmas, a bem dizer a lua
Sonhando os meus beijos no teu ouvido.
O pequeno-almoço, lá para o meio-dia
Sumo, pão, doce e o meu maior carinho
Servido na cama com a habitual alegria:
Dum amante que quer arrepiar caminho
Esquecer o que não pude fazer um dia
Prometo, meu amor... O meu carinho!
João morgado
A morte deve ser assim
Este quarto tão mesquinho, tão vazio
De tudo, pois nem meus poemas eu já leio
Até a própria vida eu não encontro no meio
Qual romantismo que eu perco, sem brio...
Não importa esta alcova, em que acordo
Sinto-me despertar em quarto distante?
Eu olho estas paredes! Então recordo,
Tudo o que aqui perco, a cada instante.
Neste espaço, o que está perto de mim,
É tão-somente a solidão e o meu castigo
Num enorme breu. A morte deve ser assim…
Os anjos que me guardavam adormeceram enfim
E eu deixei-os dormir como um amigo
Esquecendo de os acordar antes do fim...
João morgado
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