É ilusão: amor, delírio de viver
É desejo, ternura e poesia.
Num lento e doce entorpecer
É um sonhar-te até que surja o dia.
È por um mau fado que se revela
Até que aquele momento venha
Mas a noite deixou de ser bela
È da tua ausência, esta dor tamanha
Como esse teu olhar, me faz falta
Esse brilho raro e quente que me atrai.
Agora que não te vejo, tudo ressalta
Até a tristeza se impõe e sobressai
A noite que devia ser suave e calma
Em sonhos belos cheios de graça
Invade de sombras a minha alma
Porque esse corpo não me entrelaça.
Já não tenho mais a tua boca
Me mandando beijos e suspiros
Perdes-te por outros sonhos feita louca
Assim as minhas noites são retiros
Sem essa tua pele suave e fresca
A me deslumbrar com seu cariz
Sou eu que me perco na borrasca
Desta vida, assim presa por um triz
Este mar bravio que é o meu corpo
É agora um ginete feito sultão
São ondas revoltas, estas que sulco
E espraiam em areias frias de mar chão
João Morgado