jasm953: 03/06/07

Coloquem rumo sob o meu olhar

Coloquem rumo sob meu olhar,
Promessas de perene fantasia
Calor nas palavras que eu ditar
Mas não me privem de companhia

Deixem que eu vá sempre sonhando
Se a vida me der o que mereço
E eu souber usufruir dela amando
Serei feliz, creio e mais nada peço

Varram da luz dos olhos, um envolto
Fechem algumas frestas, docemente
Coloque os ânimos a dormir, eu volto,
Um dia, um talvez, voltarei a ser gente.

Recorrerei aos gomos de outrora,
Um dia volver-me-ão a utopia,
Então caminharei de pé, e sem demora
Beijarei com minha boca, como algum dia

Cruel esta amálgama de conclusões,
Ouço uma cantiga sem consonâncias,
Partituras esquecidas sobre ilusões,
Se esquecido fui e em que circunstâncias…

Por detrás de alguma fantasia
Um rosto se esconde, e renascendo
Cada noite me dá nova alegria
Dum sonho de ontem. E até quando?

A ternura da tua voz

A ternura da tua voz mexe comigo
Faz-me sentir cheiros e calores
De beijos e sabores
Prende-me nessa tua ternura!
Levas-me contigo?
E eu voo, p´ra ti, à tua procura

Lá onde o sol se esconde,
Para lá de… Nem sei onde,
Mora os meus sonhos?...
Os segredos que trocámos
Nos beijos que não demos,
Mas sonhamos e sonhámos

Lá onde o sol faz sua morada,
Ouvem-se as ondas cantar
Ouvem-se na voz do vento
Os murmúrios do mar.
Ouço-te daqui num lamento
Como que a me chamar

Lá onde o sonho tenazmente cai,
Vão também as minhas preces
Fica comigo a esperança que se vai…
Lá, bem longe sinto que enterneces
E numa aura que sendo tua
Cai por terra te vendo nua

Nesta paixão que sendo minha e tua
Abrigados ficam os sonhos,
Onde o sol se esconde da lua,
Todos os que ainda não foram sonhados,
Sonhados, abandonados, de vida crua
Hão-de renascer, por todos os lados

Vem e traz a alegria

Quero a noite e com ela o teu calor
Anda e traz esse perfume de flor
Vem na noite, empresta-me, a lua,
Vem, mas chega nua,
Traz a vida que é tua
Com muita vontade de amar.
Estou deserto para te ver chegar
Se vieres, vem serena
Com tua boca pequena,
Vem e me seduz
No toque e na luz,
Faz do meu infinito,
A noite do meu grito.
Abraça-me, com tuas carícias,
Faz de mim, um homem a delirar.
Com tua assoladora paixão,
Quero fazer-te, feliz,
Anda sentir o calor do coração,
Amar como se fosse aprendiz,
Volta sentir a sensação
E a energia do meu toque.
Anda, amor deixa que te provoque
Te contagie, e sedusa
Neste sonhar de alma lusa
Anda pra mim!...

Dúvidas

Tuas dúvidas? Não quero ouvir.

Conta-me apenas as tuas certezas ainda que incertas.

Deixa que eu curta um pouco mais essas flores que a vida me enviou de surpresa.

Não me digas teus segredos, nem eu digo os meus.

Não revelamos os nossos negativos em preto e branco, nem os nossos coloridos por mais maravilhosos que sejam.

Sem exposição do ontem, sem comparações com o anteontem, sem planeamento para amanhã.

Nada de listas de triunfos, muito menos dos fracassos.

Nada de chorar os quase que não se completaram, nada de imaginar que agora é sem, quase e completo.

Apenas pega a chave e abre as minhas algemas antigas, tira os espinhos de meus pés e ensina-me o atalho que leva a minha boca até aos teus seios, até aos teus lábios.

Até ti.

Silencia-me com o teu gesto de carinho Desligaremos qualquer sistema do planeta, atenderemos as chamadas de nossos corpos, salvo se for Deus na linha, avisando que chegámos ao final dela.

Amar demais

Amar de mais leva as pessoas a aceitar e desculpar todo o tipo de atitudes dos outros, como por exemplo a falta de respeito, a humilhação, a mentira ou a traição. Mas como podemos nós ser respeitados se não nos respeitamos a nós próprios? Como qualquer outra dependência, esta tendência para dar, agradar e até para tentar mudar os outros pode levar as pessoas a um grande sofrimento. Trata-se aqui de viver a vida e os sentimentos dos outros e, quanto maior for a tentativa de controlo sobre os outros, maior se torna o descontrolo de si próprio, e a sua dependência dos outros. A “co-dependência” leva muitas pessoas a viverem em outo-anulação e se não tomarem consciência dos seus padrões destrutivos e autodestrutivos, podem chegar a viver uma vida inteira convencidos que são traços da sua própria personalidade ou acreditando que a vida é mesmo assim. Amar de mais tem como características, como qualquer outra dependência, a obsessão e a compulsão, o que leva uma pessoa a viver em função de outra ou de outros, por mais destrutiva ou disfuncional que seja a relação. Alguém que se deixe dominar por estes padrões cognitivos e comportamentais perde a liberdade de pensar e agir em função dela própria, dos seus valores e princípios. Esses padrões tornam-se autênticos vícios. Amar demais não nos dá amor nem liberdade, mas talvez, ansiedade, desgaste, medo, raiva e culpa. É uma luta constante no sentido de dar, de agradar, mudar e salvar os outros para nos sentirmos úteis, necessários e muitas vezes imprescindíveis. Fazemos tudo o que está ao nosso alcance para atingirmos os nossos objectivos, mesmo que para isso seja necessário idealizarmos o outro ou até mesmo culpabilizarmo-nos para desculpabilizar o outro.Fazemos tudo em função do outro ou da relação e esquecemo-nos de nós próprios e da nossa relação connosco.Consequentemente, tudo aquilo que serve de base para uma boa relação connosco próprios, logo com os outros e com a vida, fica esquecido. A minha referência é à auto-estima, autoconfiança, auto controlo, segurança, limites, etc. Esquecemo-nos de nós, do que é bom para nós, do que nos faz sentir bem. Pensamos em dar e muitas vezes não nos lembramos de receber. Viver em função de algo que nos traz angustia e sofrimento é, sem sombra de dúvida, um caminho auto destrutivo que vamos percorrendo se não conhecermos ou não nos ensinarem outro.

«Amar de mais»