Nem sei o teu nome, ainda


Nem sei o teu nome ainda
Nem quero saber, por enquanto
Como me fascinaste, tão linda!
Vindo a este meu recanto

Vem mesmo sem dizer nada.
Conta-me tudo em segredos.
Fica comigo acordada!
Vem sem importar medos

Vem, envolver o meu mundo
Em mil sonhos de carinho!
Mostra-me o que és lá no fundo
Para eu alisar o teu caminho

Vem colorir os meus desejos.
Em mil e um anseios de amor!
Vem saciar-me de beijos,
Traz para mim algum calor

Traz o belo da poesia
Nas tuas palavras sensuais
Mostra-me que talvez um dia
Possas p’ra mim ser algo mais

Neste meu canto mora um poema


Neste meu canto mora um poema
Sem nome, sem rima e sem medida,
Onde o meu corpo expira num dilema,
Neste recanto vergado para a vida.

Neste meu canto existe a dor calada
Num gesto da audácia em casa escura
Donde assoma uma varanda para o nada.
“O riso e a voz refeita que perdura,”

Sina de quem nasce fraco e sem sorte,
Na raiva e no combate de quem cai
Que vence ou adormece antes da morte.
Subsiste o grito de quem perdendo sai

Neste meu canto existe a esperança d’hoje
Brilhante atrás deste sombrio muro,
Existe tudo o mais que ainda foge
Dum verso em branco que aguarda o futuro

Existe até a nostalgia dum passado mudo
E ainda no presente, onde tudo é relativo
Teimando em cada gesto feito, lembrar tudo
Em que me sinto a cada dia mais cativo

Adormeço e fica um vazio


Adormeço e fica um vazio
Sem poder dizer mais nada
Toco o corpo imóvel e frio
Sinto até a alma parada

Se o sonho me estreita, estremeço
Que te importa a quem me dou
Se me beijas no escuro, enlouqueço
Só eu luto por quem sou

Eu me perco nos teus passos
Se não dizes nada não estou
Adormeço e fico nos teus braços
Se sinto medo nunca vou

O teu suspirar rompe os sossegos
Quando te deixo por instantes
Elevas na turba os meus medos

Clamando aos astros mais errantes
Contas p’ra eles o meus segredos
E a cada sonho ficamos mais distantes

À minha Mãe


Neste dia da Mãe
quero lembrar todas e a minha
que me deixou tinha eu 11 anos


O mais belo de ti,
Eu sei que eu perdi?
Tudo porque me deixaste
Era garoto quando abalaste

Onde estás agora?
Onde o frio não se demora!
Estás numa noite que me espera,
Lá longe, tão perto, noutra era!

Esqueceste quanto cresci, eu
Que todo o meu sentir cresceu,
O meu coração também
Ficou enorme, mãe!

Tu sabes como ainda te quero
Quero tanto, tanto que desespero
Esqueci a cor dos teus cabelos
Perdi-me em sonhos por não vê-los

Olha!... Quero ouvir o tal hino...
Às vezes ainda sou aquele menino.
Que adormeceu nos teus olhos,
Contra o coração e os folhos

Ainda oiço a tua voz: que melodia
Contando histórias de sonho num dia
No meio duma floresta hoje vazia
Mas, tu sabes, a vida sem ti esvazia.

O meu coração cresceu em ternura
Tu saiste daquela moldura,
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz cá dentro também