Neste meu canto mora um poema


Neste meu canto mora um poema
Sem nome, sem rima e sem medida,
Onde o meu corpo expira num dilema,
Neste recanto vergado para a vida.

Neste meu canto existe a dor calada
Num gesto da audácia em casa escura
Donde assoma uma varanda para o nada.
“O riso e a voz refeita que perdura,”

Sina de quem nasce fraco e sem sorte,
Na raiva e no combate de quem cai
Que vence ou adormece antes da morte.
Subsiste o grito de quem perdendo sai

Neste meu canto existe a esperança d’hoje
Brilhante atrás deste sombrio muro,
Existe tudo o mais que ainda foge
Dum verso em branco que aguarda o futuro

Existe até a nostalgia dum passado mudo
E ainda no presente, onde tudo é relativo
Teimando em cada gesto feito, lembrar tudo
Em que me sinto a cada dia mais cativo

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