A morte deve ser assim




Este quarto tão mesquinho, tão vazio
De tudo, pois nem meus poemas eu já leio
Até a própria vida eu não encontro no meio
Qual romantismo que eu perco, sem brio...

Não importa esta alcova, em que acordo
Sinto-me despertar em quarto distante?
Eu olho estas paredes! Então recordo,
Tudo o que aqui perco, a cada instante.

Neste espaço, o que está perto de mim,
É tão-somente a solidão e o meu castigo
Num enorme breu. A morte deve ser assim…

Os anjos que me guardavam adormeceram enfim
E eu deixei-os dormir como um amigo
Esquecendo de os acordar antes do fim...

João morgado

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