Morrer sonhador, ou livre num grito?

Dor severa e atroz a da saudade,
E com ela escondo a realidade.
Suspiros duma mente que se alivia,
Só quando nasce alguma fantasia.

Este meu caminhar á descoberta
De sonhos reais e felicidade incerta.
Dos meus tempos fica a nostalgia,
Em que não tinha esta alforria.

Qual esfarrapar desta giesta,
Do ser de outrora já pouco resta,
Caindo em lágrimas de pouca agua.
Eu esvazio-me a cada nova mágoa

Na solidariedade de alguns iguais
São lamentos, são gritos, são ais.
A alma sente que apressados,
Sairemos sempre amargurados.

Almas de poetas em fados cantados
Buscam por sina, seres amargurados.
Fujindo á tristeza surge o conflito,
Morrer sonhador, ou livre num grito.

Mas fica na alma deste imaginado triste.
A alegria dum ser sensível que existe.
Tudo na vida passa! Se até a uva passa!
Alivia a tristeza sonhar acordado, e é de graça.


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