Caiam fora
Tenho dentro de mim, tão intenso
Um sorrir que se perdeu
Amarga, e fica em suspenso
A estudar o desolado breu
O que teria em mim morrido
Neste crer que sonha assim?
Se nem eu lhe sei o sentido
Que já não é meu, embora em mim
Julgava-o ideal, belo e sagrado
Uma fantasia morosa, brilhante
Onde tudo em roda parecia amado
Canto que vai-se sumindo de distante
E depois nesta visão em segredo
Surge tudo mais uma e outra vez
Acordando-me deste sossego
Num impulso d’alma da escassez
Qual brinquedo perdido de menino
Que eu consumi de razão e sentido
Abandonado-o no chão do destino
Tornando-o adorno fragil e partido
Foi este plangente abafar ao morrer
Que nasceu das cinzas diferente
Afastou-se do meu querer
E do bem-querer de tanta gente
Agora que chameja a luz
Neste destino espavorido
Vou tirar o meu capuz
E deixa-lo no cabide esquecido
Se em mim se apagar de novo
Esta luz que brilha agora
Ficarei triste e me comovo
Mas então...cuidado, caiam fora!
João Morgado
Querias?
Se eu por ti me apaixonar
Prometes ser-me fiel?
E ajudar-me a alcançar
A felicidade, o sonho e o mel?
Eu já me apaixonei em vão
E descobri que o amor é superior
Do que apenas segurar na mão
É uma troca constante de calor
Se eu te der o meu coração
Eu quero ter a firmeza
Que não desperdiço em vão
Aquilo que me dá alguma beleza
A minha forma de acarinhar
Este meu jeito apaixonado
Todo o fogo que tenho p’ra dar
E tanto mais que tenho guardado
Se tu também me quiseres
Sim, direi orgulhoso então
Sou feliz, sê tu tambem se poderes
E o nosso amor não será em vão
Portanto espero que tu entendas
Não posso garantir inúteis ninharias
Concebe que meus sonhos desvendas
Ai eu, me apaixonarei por ti. Querias?
São vãos os meus projéctos, insípidos
Mas são na alma que germinam
De me ver enlaçado nesses braços lívidos
Em noites que em puro deleite culminam
Nada mais ambiciono p’ra mim
Que te saber radiante e afortunada
E este sonhar de te saber assim
Feliz, alegre, por te saber amada
É pouco o que quero, dirás
Mas sai do fundo do meu ser
Toda a intensidade que ele traz
Se baseia na verdade de te querer
Guardo para outro poema
O erotismo nato, que te destino
Ao lavrar com minha pena
Nesse corpo doce, feito menino
Então de amores e razão me quero cheio
P’ra fazer valer méstria e excelência
E nas horas de recreio
Dar o meu melhor como solvência
E depois da alma lavada
Nesse vale de frondosas raízes
Ver as horas mais amadas
E te dar o que nem dizes
João Morgado
Fruo de tal sensibilidade
Fruo de tal sensibilidade
Que é constante insinuar
De que sou um sonhador
Mas admito ao avaliar
Que não passa da idade
Ou da impressão desta dor
Amarga de veleidade
Que sinto por te amar
È dum tal aperto
No peito e não apenas
Que me mantém desperto
A zelar por minhas penas
Mas na ânsia de te ter
No meu colo escondida
Vou continuar a ser
Romântico por toda a vida
Se ainda assim não conseguir
Te manter apaixonada
Então menina, é melhor ir
Caminhar por outra estrada
Nem quero pensar assim
Antes a morte desumana
Porque isto que sinto em mim
É amor que de mim emana
A razão, és tu somente
E deste fogo que parece casto
Este sentimento premente
Que me serve de pasto
João Morgado
Ela envolveu-me
Ela revolveu a minha errante existência
Com afecto abrasou o meu coração
Coloriu de flores com mestria a essência
Inundando-me com pranto de emoção
Devolve-me a paz
Não a queiras só p`ra ti
Faz-me acreditar que serei capaz
Dum novo amor, noutro cariz
Anda no céu dos meus braços
Esmorecer essa chama açucarada
Caminhando sobre os meus passos
Sem quereres saber de mais nada
Estou tentando matar a mágoa
Mas para tal preciso te encontrar
Essa felicidade que me dá água
E cála todo o meu louco penar
Anda, me devolve o sentimento
Que alguém me consumiu
Me faz acreditar por um momento
Num novo amor, em que me alio
No céu das tuas fantasias
Quero encontrar a beleza
Que em felicidade me sorrias
Que além de tudo tragas certezas
Volta a me namorar!
Vem me dar amor!
Quero mil loucuras
Seja aonde for!
Voltar a acreditar
A decompor os meus sonhos.
João Morgado
É ilusão
É ilusão: amor, delírio de viver
É desejo, ternura e poesia.
Num lento e doce entorpecer
É um sonhar-te até que surja o dia.
È por um mau fado que se revela
Até que aquele momento venha
Mas a noite deixou de ser bela
È da tua ausência, esta dor tamanha
Como esse teu olhar, me faz falta
Esse brilho raro e quente que me atrai.
Agora que não te vejo, tudo ressalta
Até a tristeza se impõe e sobressai
A noite que devia ser suave e calma
Em sonhos belos cheios de graça
Invade de sombras a minha alma
Porque esse corpo não me entrelaça.
Já não tenho mais a tua boca
Me mandando beijos e suspiros
Perdes-te por outros sonhos feita louca
Assim as minhas noites são retiros
Sem essa tua pele suave e fresca
A me deslumbrar com seu cariz
Sou eu que me perco na borrasca
Desta vida, assim presa por um triz
Este mar bravio que é o meu corpo
É agora um ginete feito sultão
São ondas revoltas, estas que sulco
E espraiam em areias frias de mar chão
João Morgado
Quem de vós dirá
Se fujo quero voltar
Fica longe o sol que sonho
Se fico morro de amar
São decisões que eu engonho
Nem com pós de perlimpimpim
Posso encurtar esta hora
Como é breve o sol em mim
Nem me aquece o corpo agora
Amigos aqui são bastantes
Mais além tenho outros tantos
Mas já não é como era dantes
Andam sonhos pelos cantos
Daqui, vejo fugir com pressa
Este sonho não é mais feliz
Esta ideia de ir não cessa
Quem dirá “fica” e mo diz
João Morgado
Fica longe o sol que sonho
Se fico morro de amar
São decisões que eu engonho
Nem com pós de perlimpimpim
Posso encurtar esta hora
Como é breve o sol em mim
Nem me aquece o corpo agora
Amigos aqui são bastantes
Mais além tenho outros tantos
Mas já não é como era dantes
Andam sonhos pelos cantos
Daqui, vejo fugir com pressa
Este sonho não é mais feliz
Esta ideia de ir não cessa
Quem dirá “fica” e mo diz
João Morgado
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