Raiar


Tal com a noite, aquela amiga se enegrece
Fica longe, quase morta, como que distante
Sem ter certeza de ninguém, ou de alguma prece
Resta-me a sensação de me sentir bem doente,

De um mal sem dor, que se fendesse
Um sentimento ímpio, pungente

E os raios do sol cantam, no raiar suavemente
Um grito aqui, ali um pranto
Gilda no ar uma andorinha dormente
Como que acordada, suave e secretamente

A solicitude nublada e autêntico do ambiente.
A mover-se sobre penumbras, mansamente,

Mais para lá! No fim da aurora, além da bruma.
Meus sonhos rompem, frágeis, leves como espuma.
Pondo-me a tecer frases de amor, uma por uma
Silenciosos, como alguém que se acostuma

Poemizar de dia, se a noite é calma
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